Morto durante confronto com GM de Piracicaba não tinha arma, diz família

A família de Frederico Alves de Jesus, morto com um tiro na cabeça na noite desta quinta-feira (1) no bairro Bosques do Lenheiro em Piracicaba (SP), afirmou que o rapaz de 23 anos foi vítima de abuso de poder de guardas municipais que faziam uma operação no local. O homicídio teria sido o estopim para o confronto entre polícia e população do bairro, que terminou com mais dois feridos com tiros de bala de borracha e dois ônibus incendiados.

Entre 17h30 e 20h30, os moradores do Bosques do Lenheiro viveram momentos de apreensão. Primeiro parte da população ateou fogo nos ônibus e, em seguida, policiais militares entraram no bairro, que ficou sem energia, para conter o tumulto. O relato das testemunhas, no entanto, dá conta que uma ação da Guarda Municipal teria desencadeado tudo.

Segundo o delegado da Polícia Civil Emerson Gardenal, os guardas foram ao bairro para retirar pessoas que estariam construindo casas e barracos em uma área verde. “Segundo os guardas disseram, havia um churrasco no local da construção das casas e as viaturas chegaram para retirá-los de lá. Eles disseram ainda que tudo foi feito sem violência e negaram ter atirado contra o rapaz”, disse o delegado.



‘Mataram um inocente’
Irmãos, primos, amigos e uma tia da vítima foram ouvidos na delegacia da Polícia Civil e à reportagem afirmaram que Alves de Jesus não reagiu à retirada dos moradores e nem possuía arma. “Ele saiu da área dos barracos e já estava a uns 300 metros de lá quando duas motos o atropelaram e a última viatura parou, o guarda o chamou e atirou na cabeça dele”, disse uma das testemunhas, que pediu para não ser identificada.


As pessoas que estavam próximas no momento afirmaram que o disparo teria sido efetuado por uma das guardas femininas que estava na operação. Familiares afirmaram ainda que Alves de Jesus não possuía antecedentes criminais e veio da Bahia há dois anos para trabalhar como ajudante na construção civil.

Investigação
O delegado Gardenal afirmou que todas as partes foram ouvidas e o laudo pericial do corpo do rapaz definirá os próximos passos. “Recolhemos as armas dos guardas, vamos obter fotografias de todos eles para reconhecimento e preciso que a perícia me diga se a bala usada foi letal ou de borracha e depois descobriremos se ela saiu de alguma das armas. A possível omissão para a prestação de socorro da vítima também será investigada a partir daí”, disse.

O caso será investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG). O comandante da Guarda Municipal de Piracicaba, Silas Romualdo, afirmou que não poderia falar sobre o caso na noite desta quinta-feira, uma vez que ainda não havia lido o relatório completo.

Fonte: G1





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