Atualização da Planta Genérica de Valores
A Planta Genérica de Valores (PGV) é um documento fundamental para a definição do valor venal dos imóveis de uma cidade, servindo de base para o cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Em Piracicaba, a atualização dessa planta é um evento significativo, já que não ocorria há 14 anos. Com a revisão, a prefeitura busca adequar os valores venais dos imóveis à realidade do mercado imobiliário atual, promovendo mais justiça fiscal e tributária.
A atualização da PGV em Piracicaba é uma resposta a um quadro de defasagem na avaliação dos imóveis, que limita a capacidade de arrecadação do município e, por consequência, sua capacidade de investimento em setores essenciais como saúde, educação e infraestruturas. A metodologia aplicada para a estabelecer novos valores considera diversos fatores, como localização, tipo de imóvel e características de conservação.
Impactos no IPTU Residencial
A proposta da prefeitura de Piracicaba, com a atualização da PGV, prevê que a maioria dos imóveis pagará um IPTU maior. No entanto, é importante frisar que essa medida é feita com a intenção de corrigir distorções e garantir que quem possui propriedades com valores mais altos pague tributos que reflitam sua real capacidade contributiva. Assim, aproximadamente 69,4% dos imóveis enfrentarão aumento, que pode variar entre R$ 100 e R$ 5 mil ao ano.

Esse aumento gradativo será implementado ao longo de três anos, com a primeira fase iniciando em 2026. Os imóveis que entram nessa faixa têm um valor venal atualizado que justifica a necessidade da elevação do imposto, já que a cobrança anterior não refletia o verdadeiro valor de mercado.
Faixas de Valores e Aumentos
Para a aplicação do IPTU, os imóveis de Piracicaba serão classificados em faixas, de acordo com seu valor venal. A primeira faixa abrange imóveis com valor até R$ 250 mil, enquanto a segunda faixa inclui aqueles com valor que vai de R$ 250 mil à R$ 500 mil. As alíquotas a serem aplicadas variam de 0,20% a 1%, de acordo com a faixa em que o imóvel se enquadra.
Dessa forma, a implementação das novas faixas é uma estratégia da administração municipal para promover uma justiça tributária, onde a taxa do IPTU será proporcional ao valor real do imóvel. Essa divisão em faixas garante que os proprietários de imóveis de menor valor não sejam penalizados de forma desproporcional, enquanto os de maior valor contribuam com uma carga tributária mais alinhada ao seu patrimônio.
Reduções no IPTU para Parte da População
Embora a maioria dos imóveis enfrente aumento, a proposta contemplou também a redução do IPTU para cerca de 30,6% dos imóveis, aproximadamente 60 mil propriedades. Esses imóveis terão uma redução média de 21% no valor do imposto a ser pago. As propriedades que se beneficiarão dessas reduções estão principalmente localizadas nas faixas consideradas mais baixas.
Essas isenções e reduções são uma tentativa de equilibrar a carga tributária, demonstrando que a prefeitura está atenta às necessidades de famílias de menor renda e às áreas menos valorizadas da cidade. A diferenciação de alíquotas é uma estratégia de justiça fiscal, que visa não apenas aumentar a receita da cidade, mas também promover o bem-estar da população.
Justificativas para as Alterações
A necessidade de atualizar a PGV foi reforçada pela administração pública, considerando que a última revisão ocorreu em 2011. Segundo a prefeitura, a medida busca corrigir injustiças históricas e assegurar uma arrecadação que reflita a realidade econômica do município. Essa atualização está em linha com as recomendações do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), que orienta os municípios a realizarem revisões periódicas de seus valores de IPTU.
Esse compromisso com a atualização regular contribui não apenas para uma melhor administração financeira do município, mas também para uma maior transparência na arrecadação dos tributos. Isso permite à prefeitura planejar melhor os investimentos em áreas de interesse público, como infraestrutura, educação e saúde.
Benefícios para Imóveis Isentos
Mesmo com as alterações na PGV e ajustes nas alíquotas, a administração municipal assegurou a manutenção das isenções já previstas na legislação atual. Ao todo, cerca de 2.031 imóveis continuarão isentos de pagamento de IPTU, sendo a maioria vinculada a categorias específicas. Essas isenções são direcionadas a imóveis de famílias de baixa renda, proprietários de apenas um imóvel e instituições sem fins lucrativos, como templos religiosos.
A proteção de grupos vulneráveis é um dos pilares das propostas da administração, garantindo que a atualização não onere os mais necessitados. As famílias que estão cadastradas no CadÚnico, por exemplo, têm direito a isenção, proporcionando um alívio fiscal significativo e contribuindo para o fortalecimento das políticas sociais no município.
Mudanças nas Alíquotas do IPTU
Uma das principais alterações trazidas pela revisão da PGV são as novas alíquotas do IPTU, que variam conforme a faixa de valor do imóvel. Essas alíquotas começam em 0,20% para propriedades mais acessíveis e podem alcançar até 1% para os mais altos. Essa mudança radical no sistema de alíquotas é uma tentativa de acomodar as diferenças de valor venal e promover um sistema tributário mais justo.
Além disso, a revisão está alinhada com as diretrizes da nova legislação federal sobre a reforma tributária, que promove um tratamento mais equitativo da carga tributária entre os contribuintes. Essa abordagem é essencial para garantir que todos os cidadãos contribuam de acordo com suas possibilidades, tornando o sistema de arrecadação mais sustentável.
Correção de Injustiças Tributárias
A atualização da PGV visa corrigir injustiças que, ao longo dos anos, foram se acumulando e prejudicando determinados grupos sociais. Por exemplo, muitos imóveis estavam sendo subavaliados, levando a uma arrecadação menor por parte da prefeitura e, consequentemente, a um investimento inferior em serviços públicos. A reavaliação permitirá que imóveis de maior valor sejam tributados de maneira mais equitativa.
A correção dessas injustiças é vista não apenas como uma responsabilidade fiscal, mas também como uma oportunidade de promover a inclusão social, garantindo que todos contribuam para o desenvolvimento da cidade. Assim, a reestruturação do IPTU se torna uma ferramenta de combate às desigualdades econômicas e sociais presentes em Piracicaba.
Gradualidade nas Aumentos do IPTU
A aplicação dos novos valores do IPTU será realizada de forma gradual, evitando um choque financeiro nos proprietários. Para o primeiro ano, cerca de 50% dos aumentos já serão aplicados, seguidos de 25% nos dois anos subsequentes. Essa estratégia é fundamental, pois permite que os contribuintes se adaptem às novas exigências orçamentárias que surgem com a atualização da PGV.
Essa implementação gradual não apenas demonstra sensibilidade por parte da administração municipal, mas também reflete uma boa prática em termos de política fiscal. Ao evitar aumentos inesperados e abruptos, busca-se não manter a arrecadação, mas também a satisfação da população, minimizando insatisfações.
O Papel do Tribunal de Contas na Revisão
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) tem desempenhado um papel fundamental na supervisão e recomendações sobre a atualização das PGVs. As diretrizes emitidas pelo TCE não apenas orientam as entidades públicas a realizarem essas atualizações de forma regular, mas também garantem que haja maior transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos.
Com a atualização da PGV, a administração de Piracicaba não apenas atende às exigências legais, mas também se antecipa a possíveis problemas financeiros que podem surgir da defasagem na arrecadação. A colaboração entre a prefeitura e o TCE é vital para garantir que a cidade se mantenha em conformidade com as normativas vigentes, promovendo uma administração pública mais eficiente e responsável.